Orgulho e Arrependimento – Um caminho entre o céu e o inferno


Não sabes que é a bondade de Deus que leva o homem ao arrependimento”? (Romanos 2.4).

Eu sou um homem contrito. Todo o meu culto tem um momento necessário de contrição. Nisto sou bem católico que na missa na hora da contrição, os fiéis repetem: “Minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa”. Lembro com clareza que toda ceia na igreja da minha infância, adolescência e início de vida adulta a Ceia era sempre acompanhada de momentos de contrição e arrependimento.

Porém, percebo que esse é um tema que não se fala mais nos dias atuais. Não existe mais pecado. Não há mais do que se arrepender. Atendo todos os dias pessoas que desconhecem o que seja arrependimento, são pessoas cheias de certezas, cheias de razões, cheias de verdades.

Não há mais espaço nas igrejas contemporâneas para o sermão do arrependimento. Desapareceram os publicanos e se instalou a geração dos que se orgulham do que são, do que tem, do que fazem somente. Errado sempre são os outros.

Mais afinal o que é o arrependimento?  Do ponto de vista psicológico O arrependimento é uma resposta emocional diante da consciência dos prejuízos causados para si e/ou para outrem a partir das suas decisões, é próximo da culpa, mas não necessariamente a mesma coisa, pois a culpa pode estar desassociada de arrependimento, enquanto todo arrependido tem consciência de culpa.

Nesse sentido a culpa desassociada de arrependimento é típico de orgulhosos, que percebem o erro mais não se abrem para a mudança. A culpa sem arrependimento gera resultados negativos bem expressivos como a autopunição – psicológica e/ou física, e ciclos repetitivos de fracassos, dando origem até a quadros depressivos que, se não são bem administrados em tempo, podem levar sim ao suicídio. Culpa sem arrependimento mata.

Arrepender-se é uma decisão de mudar os rumos da nossa vida; nasce quando assumimos erros e procuramos repará-los. Sim nas Escrituras arrependimento sempre esteve associado a contrição e mudança. Davi foi chamado de “um homem segundo o coração de Deus” mesmo depois de haver cometido adultério e homicídio. E isso porque mesmo tento tentado encobrir sua perversidade, caiu em si e admitiu sua monstruosa maldade, e em contrição declarou. “Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, senão eu os traria. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Sl 51.16-17).

Faz-se necessário resgatarmos a capacidade de nos arrependermos antes que o cinismo ou a culpa nos destruam. Nobre é o sujeito que se arrepende de verdade, aprende e esforça-se ao máximo para não repetir o seu erro.

O arrependido sabe que tem a sua disposição o amor, a bondade e a misericórdia de Deus. Uma das cenas que me lembra isso é a do filme “ Os miseráveis” quando o bispo católico encobre os erros de um ladrão na esperança que a bondade e a misericórdia os salve. Essa é a mensagem do Evangelho -  só o amor tem poder de transformar.

Arrependam-se e vivam!

Ivo Fernandes
7 de novembro de 2015


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