Ele derrubou os muros


Leitura Bíblica: "Pois foi Cristo quem nos trouxe a paz, tornando os judeus e os não-judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não-judeus." – Ef. 2.14

Esse é um tempo onde os homens voltaram a levantar muros. Muros físicos, morais, virtuais, espirituais, separando as pessoas e com essa separação estabelecendo uma nova onda de ódio e atos contra o próximo.

Apenas algumas décadas das últimas grandes guerras e já esquecemos daquilo que as promoveram e novamente erguemos bandeiras de preconceito e toda espécie de segregação. Nos 35 anos da minha existência nunca senti tão forte a presença dos muros como estou sentindo nesse tempo.

Para quem não se recorda dos fatos ou mesmo desconhece a História, Lúcia Hipólito, jornalista da Rádio CBN, resumiu com brilhantismo um evento onde muros foram erguidos – trata-se do muro de Berlim - esse evento sócio-político insano, que não apenas dividiu a Alemanha, dividiu o Planeta. Acompanhe o resumo:

"Em 13 de agosto de 1961, com o acirramento da Guerra Fria e com a grande migração de berlinenses do lado oriental para o ocidental, o governo da Alemanha Oriental resolveu construir um muro dividindo os dois setores. Dele faziam parte 66,5 km d
e gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Foi também proibido a passagem das pessoas para o setor ocidental da cidade. Checkpoint Charlie, um dos pontos de passagem entre os lados da cidade. A construção do muro – símbolo da separação dos blocos capitalistas e comunistas – não respeitou casas, prédios ou ruas. Policiais e soldados da Alemanha Oriental impediam e até mesmo matavam quem tentasse ultrapassar o muro. Muitas famílias foram separadas da noite para o dia. Pelo menos 80 pessoas morreram, 112 ficaram feridas e milhares foram aprisionadas nas diversas tentativas de atravessá-lo. Sua estrutura chegou a ser reforçada por quatro vezes."

Ora, hoje nações elegem presidentes que prometem erguer novos muros de separação. Muros físicos para separar nações, muros legais para separar orientações sexuais diferentes, muros morais para separar homens e mulheres, muros espirituais para separar humanos.

E em que se fundamentam esses muros?

Todo muro se fundamenta na noção de superioridade, de qualquer tipo que seja. Povos, religiões, culturas que se acham superiores, passando a condenar tudo aquilo que é diferente e que aponta as fraquezas de sua suposta supremacia. A questão é que não existem superiores de nenhuma forma. 

O conselho bíblico é que imitemos a Cristo:

Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Filipenses 2:3-8
Lembrando que:
Os olhos altivos, o coração orgulhoso e a lavoura dos ímpios é pecado. Provérbios 21:4
Aquele que murmura do seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não suportarei. Salmos 101:5
Abominação é ao Senhor todo o altivo de coração; não ficará impune mesmo de mãos postas. Provérbios 16:5

A arrogância, a presunção e a ganância do ser humano são o cimento e as pedras que continuam erguendo muros de separação por toda a parte.

Imitar a Jesus é derrubar muros de separação, é abrir caminhos para todos. E como fazer isso?

Primeiro derrubando muros interiores construídos dentro de nós por nossa cultura e religião. Se acolhemos qualquer ideia de superioridade, precisamos eliminá-las de dentro de nós com urgência.

Lembremo-nos, não fomos chamados para sermos os melhores, mas os servos.

Lembrem-se desse exemplo:
Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim. E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus, Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.
Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos. Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.
João 13:1-17

Esse é o caminho que fomos chamados a trilhar, o de lavar os pés uns dos outros. Cristo nos trouxe a paz, derrubando muros de inimizade, façamos o mesmo. Usemos o martelo do perdão e do amor e derrubamos os muros da arrogância e da presunção. Pois muros nos tornam todos escravos e prisioneiros.

Ivo Fernandes

13 de novembro de 2016

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