Natal 2021



Escrever sobre o Natal de 2021 foi um desafio, diferente de muitos anos anteriores não havia em mim vontade de tratar nenhuma temática teológica, mas aí lembrei que, na verdade, nunca tratei o Natal assim. Em mim o Natal é uma questão de fé, e não de crença. E o que isso significa? Significa que ela não precisa fazer sentido, não precisa ser aceita, não precisa ser crida. Ela tem apenas que calar a questão, encerrar a pergunta e fazer o ser saber sem conhecimento algum. Loucura? Talvez! A fé é o absurdo dos absurdos!

Nos últimos anos, algo que sempre em mim esteve presente ganhou forma e realidade, o fato de que sou um homem de fé firme e constante, mas de crenças móveis abertas a toda revisão e até ao abandono. Não me importo em rejeitar crenças, pois em mim a fé é a força que me move.

Quanto ao Natal, minha crença pouco mudou, mas se fosse explicá-la aqui seria em muitos aspectos diferentes de muitos cristãos. Por exemplo, não sinto necessidade do evento do Natal ser um evento histórico, quem exige história são crenças, a fé não é dependente de fatos históricos. Questões como o nascimento virginal, local do nascimento, são coisas que não me importam.

O Natal carrega uma mensagem subjetiva, e tudo nele carrega vários belíssimos significados. Nesse ano o que tem me tocado é o local do nascimento. O símbolo do estábulo me toca porque assim me sinto diante da grandeza da vida, e é maravilhoso pensar que o divino adentra todos os espaços, dos palácios aos estábulos, colocando tudo sob a mesma condição.

O que desejo nesse Natal é ser moradia do divino, é misturar em mim os animais que me habitam com a presença dos seres celestiais. Quero ser estábulo que recebe viajantes que não têm onde repousar a cabeça, quero acolher quem já acolhe em si o mistério. Quero ser manjedoura onde o divino dorme.

E que o ano de 2022 traga paz aos homens de boa vontade!

 

Ivo Fernandes

 

24 de dezembro de 2021

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