Eu creio nas Escrituras, mas minha Fé está posta na Palavra
Muitas pessoas que me ouvem, principalmente meus alunos sempre me questionam se acredito na inspiração das escrituras, se creio que ela é palavra de Deus e coisas assim. Isso porque me ouvem explicar as questões que envolvem a escrita do texto, com seus contextos e autores, e percebem que tenho uma opinião diferente do fundamentalismo protestante.
No entanto, gostaria de dizer que creio nas escrituras, e isso só em razão da Palavra poder de fato nela ser encontrada quando o Espírito a atualiza em nosso interior. Creio nas escrituras porque sei que os que a escreveram estavam no ambiente da fé na Palavra. Isso para mim é bem maior do que o que afirmar a doutrina da inspiração verbal e plenária.
No texto não encontro nada que me encante se não fora o espírito da Palavra, e por essa razão não sou um defensor das escrituras como Palavra de Deus, mas sou amante da Palavra esteja ela onde estiver, também nas escrituras judaico-cristãs.
Minha fé não depende da fidedignidade dos relatos do texto bíblico e muito menos da necessidade de serem relatos históricos puros, ou seja, sem o olhar interpretador dos autores. Minha fé está posta na Palavra que me alcançou não com textos, mesmo que possa ter sido por meio deles.
Alguns acreditam que a fé cristã depende da inerrância e infalibilidade das escrituras, para mim uma fé que precise de algo parecido não é fé. Alguns acreditam que sem as escrituras perdemos o fundamento da fé, esses parecem que se esqueceram dos peregrinos Abraão, Isaque e Jacó. Não precisamos de textos, precisamos de relação.
Minhas análises críticas-textuais me afastaram muito dos conceitos tradicionais sobre a origem dos textos bíblicos, mas isso não me afastou nenhum milímetro da Palavra, ao contrário.
O que torna as escrituras fascinantes para mim é o seu conjunto de expressões dos homens na relação com o divino, suas verdades, seus equívocos, suas tentativas de explicar o sagrado e seus fracassos. Sim nas escrituras encontro o homem, e no homem encontro o divino. A Palavra entre as palavras.
Porque tanto medo de se encarar o óbvio? Os gêneros literários são ricos em interpretações, mas um literalismo retirará toda a grandeza de um texto religioso. Por exemplo, negar o gênero de Gênesis é perder o sentido, e se perder em questões infantis, como quem foi a mulher de Caim. Se respeitarmos seu gênero veremos a humanidade ali revelada.
E o mais cômico é que muitos dos que me criticam, quase não lêem as escrituras, que têm sido um dos meus livros constantes de cabeceira. Do que adianta essa fé na inerrância se ela não nos aproxima das escrituras, a não ser para elaborar pobres sermões.
Os que lerem isso e decidirem me enviar textos tentando me convencer do contrário do que digo não percam tempo, hoje só leio o que carrega o Espírito da Palavra, ou seja, que me remete a grandeza da Graça e do Amor, e isso até nas escrituras. Heresia? Não, apenas meu caminho pessoal.
Ivo Fernandes
22 de fevereiro de 2010
22 de fevereiro de 2010
Comentários
"Definitivamente a bíblia não é a Palavra de Deus. Pois como poderia o invólucro ser idêntico a substância, e como poderia a embalagem ser a mesma coisa que o produto?Hora essa, uma coisa é uma, outra coisa é outra coisa! Confundir o transmissor com a mensagem é quase o mesmo que adorar a criatura confundindo a com o Criador.
A bíblia esta no tempo, tem a sua origem na historia, é massa material produzida por energia e movimento. Entretanto a Palavra é tão eterna quanto Deus e tão imaterial e incomensurável quanto Aquele que a fala. Ela e é a soma total de tudo o que é e sente o seu interlocutor, dita particularmente a cada ouvinte, enquanto a outra é apenas a forma como essa Palavra foi aplicada e sentida singularmente no tempo em que foi escrita.
Uma é a produção do homem do receptáculo com todas as suas características inerentemente humanas, para conter o espetáculo da revelação relativizada de Deus ao homem. Pois foi na relatividade da cultura, moral e tradição de uma raça da humanidade que Deus melhor se deu a conhecer e ser apreendido conforme o entendimento e capacidade daquele povo que registrou aquela mensagem com as suas próprias palavras e letras humanas.
Mas essas palavras, não são para nos Palavra de Deus na mesma proporção em que foram para eles. Pois elas são Palavras na medida em que rompe toda a barreira provisória do entendimento singular histórico daquela época, para trazer até nos, como foi para eles naquele tempo a essência única da mensagem que jamais deve ser confundida com o veiculo humano que a transporta. Ou seja: a Palavra é mensagem subjetiva ao coração, enquanto a bíblia é o registro histórico da sua primeira manifestação."
Esdras Gregorio
Quem sabe, os seus alunos, futuros pastores, talvez consigam dismistificar a questão da inerrânica para os seus futuros rebanhos.
No mais, falar mais o quê depois desse "comentário-artigo" do nosso amigo Gresder/Esdras rssss
abraços
Se realmente você crer nas ESCRITURAS
SAGRADAS, obviamente, também em JESUS CRISTO, correto?
Poderá me responder o que você entende, digo, como interpreta os textos de I JOÃO 2:4?
E o texto de S. JOÃO 14:15?
E o texto de ROM.3:31?
E o texto de ISAÍAS 66:22,23?
E o texto de OSÉIAS 4:6?
"NÃO DEIXE DE ME RESPONDER,ENTÃO SUA ATITUDE SERÁ IGUAL A DO PROF. LEANDRO QUADROS", COMO VC MESMO DISSE SOBRE ELE.
Saudações em CRISTO;
ORLANDO R. NETTO
Quanto a Lendro, quem é?
Abraços
O Prof. Leandro Quadros, é o mesmo de seu blog WWW.namiradaverdade.com.br,
você postou sobre ele no blog do Jean Patrik.
Fico no aguardo de suas respostas como prometido.
Saudações em CRISTO;
ORLANDO R. NETTO
não conheço essas pessoas por você citadas e nunca postei nada em seus blogs,
Abraços