Considerações sobre o batismo com o Espírito Santo
Vivi minha adolescência e boa parte do inicio do meu ministério pastoral dentro das igrejas pentecostais. Vi e vivi certas experiências que hoje tenho melhor compreensão. Algumas das minhas experiências de fato foram legítimas e até hoje as vivencio, outras entendi que eram frutos de condicionamentos emocionais e infantis.
Talvez o maior equívoco tenha a ver com o entendimento do que chamamos de “Batismo com Espírito Santo”. A maioria das igrejas pentecostais acredita se tratar de um acontecimento necessário ao crente para capacitá-lo para o ministério, que ocorre depois da regeneração e é evidenciada pelo dom de línguas estranhas.
Essa doutrina gera muitos desvios, entre eles o de separar as pessoas pelo critério de falar em línguas. Há igrejas em que indivíduos que não falam são proibidos de exercer qualquer atividade na igreja, gerando uma busca louca pelo tal dom, o que faz com que muitos interessados nos cargos falem sem nunca ter tido de fato o dom, apenas porque é bem fácil reproduzir as línguas ouvidas dentro dos ambientes pentecostais. A divisão chega ao ponto de ameaçar a própria salvação dos indivíduos, como se os que não falassem em línguas não fossem habitados pelo Espírito Santo.
As Escrituras nos ensinam que todos os crentes foram batizados com o Espírito Santo (1 Coríntios 12:13) isso é o mesmo que dizer que o batismo com Espírito é sinônimo de regeneração, novo nascimento. E o que dizer do relato em Atos 2? O que esse relato nos apresenta é um grupo de discípulos recebendo dons de Deus para pregarem com mais ousadia a Palavra (At 2.38).
Não podemos confundir distribuição de dons com o batismo com o Espírito Santo e nem associar algum dom a esse batismo. Não ser batizado é o mesmo que não está Nele. Não possuir certos dons não significa isso (1 Coríntios 12:30). Os dons são concedidos soberanamente pelo Espírito, o que torna as reuniões marcadas por gritos em torno da busca do batismo algo completamente em desacordo com o espírito das escrituras.
Esse tipo de busca tem gerado toda espécie de loucura possível e agora já se buscam as unções do urso, do leão, da águia, do riso e outras aberrações psicológicas. Na verdade tudo isso zomba de Deus e não O glorifica.
Eu falo em línguas, confesso que no passado falei muitas vezes algo de caráter completamente repetitivo, nada tinha com o dom. O que vejo ao meu redor é muita infantilidade chamada de espiritualidade. Hoje busco com zelo os melhores dons que são aqueles que edificam todo o corpo de Cristo. Busco desenvolver em mim o caráter de Cristo. Espero sempre pela manifestação misericordiosa de Deus, pois sei que Ele é bom até quando seu silêncio me surpreende.
Ivo Fernandes
01 de julho de 09
Comentários
muito oportuno seu comentário, pelo menos foi pra mim. Falar em linguas edifica a nós mesmos e não a igreja, ao menos que alguem a interprete. As coisas do Senhor devem ser feitas com simplicidade e moderação, é nisso que eu acredito.
gostei do seu blog
um abraço
Geovanine
Salvador-BA
Valeu Ivo.
JORGE/CAMINHO/NATAL
Hoje não falo línguas, por uma opção minha, e não sinto muita falta desse dom não. Sinceridade...rsrsrs.
Me faz muita falta é o fruto do Espírito, esse eu "busco" todo dia.
Abraços
Excelente postagem.
Evandro.C.S. Junior
emdefesadagraca.blogspot.com
Concordo plenamente que falar em linguas não é evidência de nada. A não ser para quem fala. Se vou estar analisando o cárater do que fala, esqueço que a análise correta é a mim mesmo.
Não importa se falo ou deixo de falar, o que importa é o que Deus avalia em mim. O resto é subjetividade cristã.
Somos do Senhor.
Muitos desvios vieram com os próprios apóstolos e seguidores direto de Jesus. O Pentecostes não foi garantia de inerrância. E muitos dos seguidores anônimos e indiretos entenderam mais do que os íntimos históricamente. Esse é o Mistério da ação do Espírito.
Abraços