O caminho da espiritualidade – Encontro Consigo
O caminho da espiritualidade é um
caminho solitário. Ninguém pode fazer por nós esse caminho. Durante muito tempo
tinha por meta a santidade, mas por vezes me confundi no entendimento sobre o
que seria de fato ser santo. Faz alguns anos que tenho entendido que viver uma
vida no Espírito de Cristo é um caminho de santidade, é um caminho de
espiritualidade.
Como se trata de um caminho
solitário não pretendo oferecer respostas ou mesmo soluções, mas espero contribuir
a partir da minha experiência com o caminho daqueles que me ouvem. Entendo que
o caminho da espiritualidade passa pelo encontro com nosso eu interior, com o
nosso próximo e com Deus. Na relação conosco mesmos precisamos lidar com o
isolamento. Na relação com o próximo, com nossa hostilidade. E na nossa relação
com Deus, com a ilusão. E não adianta pensar que tal caminho nos afastará das
dores da vida, ao contrário, o verdadeiro caminho da espiritualidade nasce das
dores da vida.
No encontro conosco precisamos
lidar com o isolamento, essa experiência humana universal. Em geral tentamos
escapar da sensação de isolamento ocupando-se com milhares de tarefas; um
projeto a concluir, um amigo a visitar, um livro a ser lido, algo para assistir
ou ouvir, etc. Consideramos que um dia entre essas coisas encontraremos o que
dará conta desse anseio latente por unidade e completude, porém, nenhum amigo,
amante, marido, esposa, igreja ou grupo poderá fazer isso. E se continuarmos
tentando fazer dos outros esse “messias” faremos mal a todos em volta, pois
ninguém deve ocupar tal lugar.
Precisamos aprender a conviver
conosco. Cada um precisa de encontro consigo. Ninguém deve estar neste encontro
além de nós mesmos. Só é capaz de viver em paz com os outros quem aprendeu a
viver consigo mesmo em paz. Nenhuma relação que desrespeite esse espaço do
outro, essa singularidade do outro faz bem.
Em síntese, em vez de negarmos o
isolamento com atividades diversas, precisamos aprender a ser só, e nessa
solidão aprender a só ser.
Precisamos aprender a fazer da
solidão uma possibilidade, uma nova criação, um ponto de encontro. Quando
aprendemos isso não mais viveremos em um frenesi de atividades, obcecados e
temerosos pelas oportunidades perdidas.
Ivo Fernandes
26 de fevereiro de 2012
Comentários