Relacionamentos e sexualidade


No decorrer desses anos de atendimento clínico-pastoral percebi que um dos muitos fatores que levam relacionamentos ao fim é o desgaste da vida sexual. E na tentativa de ajudar os que me procuram sempre busquei conhecer mais sobre o assunto da sexualidade.

Aprendi que se faz necessário ampliar a compreensão do termo, visto que o tema ainda não é tratado da maneira que deveria nem mesmo nos ambientes das universidades, quem dirá nos rodas de amigos e dentro das famílias. Dentro do conceito de sexualidade, a atividade sexual é apenas uma das expressões.

Também percebi que em certos grupos as dificuldades são maiores, grupos onde o prazer é enxergado com culpa, onde a velhice é acompanhada de baixa autoestima, que pensam o relacionamento sexual apenas como meio de reprodução ou liberação de tensão, que vivem relações de dominação e submissão. 

Então para se manter o erotismo e o interesse sexual, em uma relação que sofre com as tensões do dia-a-dia, em vários aspectos, e que sofre com o desgaste do tempo, faz-se necessário entender a sexualidade como fundamental para a satisfação dos relacionamentos amorosos e que tal sexualidade envolve fatores como intimidade,amizade, desejo,erotismo, autonomia, singularidade.

Não se pode perder de vista que é necessário manter a intimidade, a paixão, mas entender que compromisso, e uma decisão que dará manutenção das mesmas. Compromisso de manter a presença do carinho, da ternura e da confiança, possibilitando diálogos sinceros. É por meio desse diálogo sustentado pelo que falei anteriormente que o respeito à singularidade do outro surge, e sem esse respeito é impossível à manutenção de uma relação saudável.
Diante do outro é necessário também que se desenvolva o equilíbrio de união e distanciamento. Pois a saúde do relacionamento depende disso, pois assim como o excesso de distanciamento não permite a ligação afetiva, o excesso de união elimina a individualidade. Concluindo-se então que o distanciamento, além do físico também o psíquico, é uma precondição da ligação afetiva e, consequentemente, sexual.
O tempo tem que ser contado a favor e não contra as relações para isso, deve se considerar que é devido à aquisição das experiências passadas que pessoas são capacitadas o autoconhecimento que inclui o do seu corpo, e também conhecer o corpo do companheiro afetivo e reconhecer as atividades que lhes proporcionam mais prazer.

Por fim o casal necessita desprender um momento para o namoro, e, nessas ocasiões, possibilitar situações que favoreçam a erotização mútua. Para tal, faz-se necessário que esteja disponível, física e psiquicamente, para encontrar-se com o outro e possibilitar a expressão de novas formas de erotização e prazer, reconhecendo no corpo do outro, a possibilidade de sedução, da beleza e acompanhada da experiência de vida.

Ivo Fernandes

17 de agosto de 2013

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