O amor de Deus
Já sabemos como é difícil conceituar o amor.
Sabemos como é difícil falarmos do amor entre nós, humanos. Então, imagine-se quão
complicado em falar do amor de Deus. Pois se temos dificuldade de falarmos do
nosso amor, ou do amor daqueles que conhecemos, imagine falar do amor do Deus
Invisível. Porém a fé cristã insiste nessa mensagem: Deus nos ama!
Durante a minha infância, eu que cresci sem pai,
sempre pensei que Deus me amava como um pai amava um filho, e essa ideia era
alimentada por diversos textos bíblicos que me apontava Deus como pai. Isso me
salvou tantas vezes, que não ousaria numerar.
Na adolescência precisava mais do que uma presença
misteriosa, precisava realmente conversar, ouvir a voz de alguém, contar meus
dilemas e ouvir conselhos, mas o Deus Invisível era também Silencioso. Não o
odiei por isso, mas à medida que minha mente se ‘sofisticava’ fui procurando
explicações para essa ausência de um Deus que ama. Nasceu a teologia para mim.
Agora pensava no amor de Deus revalado na doutrina,
na explicação do plano da salvação na história. Fez-me bem neste tempo! Mas
muitas vezes recorri ao Deus pai da minha infância.
Na juventude a teologia se mostrou frágil e novas
explicações foram necessárias, nascia para mim a psicanálise e a filosofia.
Deus agora era justificado pelo fato de desconhecê-lo. Afinal o que sabemos de
Deus? Um Deus plenamente imanente me fez bem por um tempo. Mas muitas vezes
recorri ao Deus que ansiei na adolescência.
Bom, a vida seguiu, muitas dores me alcançaram,
muitos caminhos percorridos, cheguei a vida adulta. E sentando aqui na minha
varanda, ouvindo o som de pássaros, do vento e o verde das árvores, velhos
desejos me voltam à mente, e meu coração busca de novo aquela sensação de ter
um pai, que apesar de Invisível é Real, um pai que ama e escuta minhas orações.
Uma vontade de chorar me toma e não contenho lágrimas desejo o amigo que possa
sentar comigo nessa varanda e me ouvir e também ouvi-lo. E mesmo reconhecendo
os mistérios divinos e a honradez daqueles que pensam Deus, nessa hora abandono
meus juízos, e toda minha racionalidade, e solto um grito de libertação: Deus
me ama!
Como? Manifesto na criação, na sustentação de tudo,
no curso da existência, na história, na natureza, na humanidade, no pensar e no
sentir. Mas principalmente na Cruz Eterna, de onde todas as coisas procederam e
nos conduz para a plenitude.
Mas não se trata da resposta que dei acima,
trata-se de uma certeza inexplicável. De uma sede inesgotável! Eu preciso do
amor de Deus e já não me importam os juízos a respeito disso.
Quero de novo a inocência da minha infância, onde
nada tinha explicação, mas meu coração repousava na certeza desse amor!
“disse Jesus: Em
verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos,
de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus
18:3”
Ivo Fernandes
7 de março de 2014
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