O mandamento da voluntariedade e a necessidade da congregação
Uma coisa é óbvia para qualquer um que pensa a respeito de estruturas
congregacionais, elas não existiriam sem reprodução e contribuição. Sem essas
duas coisas, multiplicação e contribuição financeira elas não existirão por
muito tempo. Assim a questão não se trata de fazer ou não fazer essas coisas,
visto que a existência da mesma despende delas, mas porque mantermos uma
congregação? e mais precisamente no nosso caso, uma estação?
Com todo conhecimento já adquirido a respeito da liberdade de Deus, da
natureza da fé e da relação com o sagrado, a pergunta que parece surgir como
necessária é: “pra quer congregar”?
Num tempo onde a perversão está estabelecida em praticamente todo
sistema religioso e onde existem tantos cultos virtuais, a existência de uma
congregação parece ser no mínimo desinteressante.
No entanto existe um mandamento neotestamentário a respeito da
congregação em Hebreus 10.19-25 e esse mandamento é para a vida, pois é na
congregação onde posso desenvolver minha espiritualidade, pois a mesma
amadurece no encontro não só com Deus mas nos diversos tabernáculos de Deus na
terra, e na congregação onde essa afirmação é revisitada constantemente é o
melhor lugar para desenvolver isso.
Segundo, é na congregação como fatia da família universal que eu começo
a exercer o serviço do amor, o que me seria muito mais complexo sem esse espaço
limitado para um ser limitado.
Terceiro, porque é na comunidade onde a Palavra é anunciada que posso me
expor a ela sistematicamente e com isso desenvolver a saúde da alma e do
espírito.
Assim, sabemos que o mandamento para congregar-se não é para estabelecer
uma relação de Deus com você que já está estabelecida desde toda a eternidade,
mas para que possamos nos desenvolver, desenvolver a nossa salvação, nosso caráter,
nossa fé. É um caminho para que provocado pelos encontros me converta das
minhas vaidades e egoísmos e assim prossiga na caminhada do discipulado.
Entendido isso vem a segunda parte, contribuição. Uma congregação só
existe na medida que possa ser mantida. E o mandamento para congregar-se também
se estende ao contribuir, pois os benefícios são os mesmos.
E assim como congregar-se não tem a ver com Deus mas com a gente, assim
também o contribuir.
“Nossa oferta ao Senhor não é de fato uma
oferta de Deus. É, antes de tudo, uma oferta de Deus a nós. Quem oferta a Deus,
oferta a si mesmo, na medida em que dar, antes de ser uma graça de nós a
outros, é uma graça de Deus a nós. Se alguém se comove a dar, humilde e
alegremente, é porque já foi tocado pela graça de Deus (Rm. 7:18; Fp. 2:13).” (Uma graça que poucos desejam – Caio Fábio)
Em
Cristo, a lei que fazia do dízimo um imposto, ou obrigação caducou. No entanto
a graça da contribuição ganhou vida e força. É por essa razão que agradeço a
Deus pelas contribuições a Estação e as ofertas que alguns amigos endereçam a
mim como pessoa.
E
sendo uma graça, contribuir não pode estar atrelado a condição financeira e
social. Aliás nas Escrituras e na história quem sempre melhor contribuiu foram
os mais pobres. Sendo graça, contribuir é fruto da motivação certa, ou seja,
generosidade, amor, caridade, e não de barganhas para com Deus ou o próximo. E
sendo fruto da generosidade, não será esmola, ou do que sobra, porque se assim
o fosse não seria ato de caridade.
E como
um dos princípios fundamentais, está o fato de eu contribuir porque desejo que
mais pessoas saibam da mesma Graça que sei e vivo, e aqui não entra só a contribuição
para isso, mas minha participação direta no anúncio da mensagem. E com isso entendo que minha contribuição não
pode ser esporádica porque o bem não pode ser esporádico, mas constante e
sistemático.
Sabendo
que contribuir é uma graça é lógico que ela traz diversos benefícios para a
alma, mas a maior delas, penso eu, é livrar o ser da avareza e da dependência e
deixa-lo confiante na misericórdia do Senhor.
A
pergunta que faço é simples: quantos caminhantes estão dispostos a obediência
ao mandamento de congregar-se e contribuir?
Ivo Fernandes
22 de fevereiro de 2015
Sugestão de Leitura: 1 Crônicas 29
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