Fabíola, a mulher adúltera
Somente dois
dias depois do vídeo do “caso Fabíola” viralizar na internet é que soube do que
se tratava. Isso se deve a minha postura de não abrir quase nenhum vídeo que me
mandam por redes sociais. Tinha visto muita piada, mas não sabia exatamente do
que se tratava. Porém imaginei que se fosse verdade que houve uma traição
conjugal eu não deveria republicar nada a respeito, pois se eu estivesse no
lugar de um dos envolvidos eu não gostaria de ter minha vida exposta dessa
maneira.
Hoje, no
entanto, vi numa reportagem o “caso” e fiquei feliz pela postura que assumi e
triste pelo cenário construído em torno do assunto. Do que trata? De uma
traição conjugal.
Meu Deus! Quantos
que fizeram piada, ridicularizam, apoiaram a violência, riram da desgraça, não fazem
a mesma coisa, e só não tiveram o azar de serem descobertos.
Tudo ridículo,
da postura dos envolvidos até a de milhares de outros que por meio das redes
sociais jogaram suas pedras na adúltera que estava ali exposta em praça
pública. Até mesmo o que com ela se deitou nada fez para defende-la, afinal
numa sociedade machista e hipócrita só quem não presta é a mulher em tal
situação.
As piadas
poderiam ser engraçadas se elas não escondessem a tragédia de nosso tempo. Um tempo
onde corruptos são juízes, criminosos são policiais, religiosos são exploradores
da ingenuidade, e milhares de hipócritas são delatores da intimidade alheia.
Eu disse
dias atrás para meus leitores que não deveriam ignorar o fascismo presente nas
atitudes de manifestantes. A postura de tantos ao banalizar a violência,
justificada na honra ferida do homem, esconde um jogo de poder maligno contra
tudo que é diferente, que foge do padrão, da norma, da moral.
O que
esperar de uma sociedade que acha certo ou no mínimo engraçado o que foi feito
com esta moça publicamente? E o pior, quase todos cristãos, ditos seguidores de
Jesus de Nazaré que numa situação semelhante teve uma atitude totalmente contrária
à deles.
O que
sabemos realmente a respeito dessa moça? Nada! Somos juízes que sentenciam os
outros baseados na nossa arrogância, maldade e hipocrisia. Eu posso entender a
raiva do marido, mas não posso justificar as atitudes dele. Porém a atitude de
todos que decidiram apedrejar a adúltera dos nossos tempos eu não posso
entender e nem com eles me ajuntarei.
Se você
que me ler constantemente esteve ou está na roda dos apedrejadores, peço solte
essa pedra virtual. Pense antes de jogar (publicar, republicar) essas pedras. Vamos
deixar de ser tão idiotas que fazem tanta besteira em redes sociais.
Fabíola, um homem chamado
Jesus de Nazaré não te condena. Torço para que você se erga dessa história e
siga seu caminho por estradas que não te conduzam a nada disso pelo que passou.
Ivo
Fernandes
18
de dezembro de 15
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