A Cruz Eterna
Um dos textos recentes
estudados em nossa reunião “Entendes o que lês? ” foi esse:
“ 26E o último inimigo que será destruído é a Morte. 27Pois Ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”. Porquanto,
quando se afirma que “tudo” lhe foi submetido, é evidente que isso não inclui o
próprio Deus, que conduziu todas as coisas à submissão de Cristo. 28Todavia, quando tudo lhe estiver sujeito, então o próprio
Filho se submeterá àquele que todas as coisas lhe colocou aos pés, a fim de que
Deus seja absolutamente tudo em todos.” (1 Co 15)
Um texto que me remete ao plano maravilhoso
Daquele que executa tudo em todos (1Co 12.6).
Sim! Deus em quem creio é o Senhor soberano
de toda a história. Por essa razão é que também creio que “O
Cordeiro de Deus foi imolado por nós antes da fundação do mundo” (Apc 13.8),
pois do contrário o sacrifício de Jesus seria um remendo numa história
fraturada.
Ora, tal afirmação é um pilar
da fé caminhante. Ela tira a cena da cruz história e a coloca no próprio Deus
que não pode ser pensado com as nossas categorias de tempo e espaço. Deus não
sofre com o tempo, não muda, não envelhece, a Cruz também não.
Antes de tudo houve Cruz!
Logo, tudo o que foi criado carrega o potencial da Graça. Tudo veio da Cruz por
causa da Graça, e tudo se dirige a Graça por causa da Cruz. Daí podemos afirmar
que “todas as coisas cooperam conjuntamente, para o bem de quem ama a Deus. ”
(Rm 8.28).
Deus amou o mundo (Jo 3.16),
por isso para cria-lo precisou se entregar por ele antes. Assim, sem Cruz não
haveria criação. E uma vez criado é pela cruz que tudo subsiste. A Cruz
permitiu a criação, e ela mesmo que está conduzindo toda a criação para o
próprio Criador.
Tudo começa em Deus por meio
da Cruz e termina em Deus por causa da Cruz. Tudo que veio Dele, um Dia vai
voltar para Ele! O Cordeiro Imolado é o fundamento de toda obra criada e a
razão da reconciliação de todas as coisas Nele.
E talvez alguém pergunte: Se a
cruz vem antes como fica a questão do pecado? E aqui está a revolução. A Cruz
vem antes da Queda. Sem Cruz não haveria criação, não haveria liberdade, não
haveria pecado. Eis o mistério da salvação, quando pecamos já o fazemos no
território da Graça.
Deus decidiu criar, e em razão
da liberdade necessária, já criou tudo sob o manto da redenção. Viver com essa
fé produz libertação de todo medo e culpa para sempre. A liberdade começa a
partir dessa consciência. Não há a menor chance de haver um caminho de paz fora
dessa consciência.
Afirmar tal soberania não é
tirar de Deus a relação com sua criação, é antes assumir que fora de Deus não
existe nada absoluto. Só Deus É e todas as demais coisas são Nele. Por isso se
diz “Há um só Deus e Pai de todos, que age por meio de todos e está em todos! ”
(Ef.4.6).
Dessa forma até para existir
negando a Deus, é preciso ser em Deus. Toda escolha livre dos homens só pode
ser feita Nele, sem o qual nada é. Logo, a Cruz antes não é o fim da liberdade
dos homens, mas sua garantia. Pois até para escolher o inferno é preciso ser
alvo da Graça revelada na Cruz.
Mas apesar da escolha da
negação da Graça e do juízo advindo disso, a última cena da história é uma
Comunhão Cósmica de todas as coisas e de todos em Deus. Uma cena que põe fim a
todo exclusivismo religioso (Mt 8.11). Concluindo, o juízo existe, e só existe porque
existe Graça, mas ao final, no entanto, a Graça e a Misericórdia triunfam sobre
o Juízo. (Rm 8: 16-24).
E a garantia disso: O Cordeiro
foi imolado antes da fundação do mundo!
Ivo
Fernandes
26
de novembro de 2017
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