Descansando na Graça
A história relatada em Lucas 10 sobre Maria e Marta e de como Maria escolheu a melhor parte tem me ensinado bastante nos últimos anos. Desde os meus 18 anos que pastoreio, desde os 15 que vinha pregando. Minha vida só fazia sentido na prática do serviço pastoral.
Sempre fui feliz por ajudar as pessoas, mas de maneira quase inconsciente meu serviço ia se tornado numa espécie de escapismo para não tratar de mim mesmo. Para não ter que parar e enxergar direito minhas mazelas, não perceber minhas sombras.
Quanto mais atividade mais acreditava que em mim não havia brechas, e que, portanto o pecado estava superado. Hoje sei que nada é mais perigoso para a alma do que as convicções nascidas de uma mente que se enxerga apenas pelo serviço que executa.
Tive que aprender, não de maneira fácil que minha natureza é cheia de desvios, que sou sombra e luz, fraqueza e força. Tive que aprender mais sobre minha humanidade e abandonar minhas certezas “santas” a respeito de mim mesmo.
Aprendi que Aquele que eu dizia seguir nunca se dedicou ao serviço de maneira que a vida lhe fosse tirada como um dom para ser vivido. Olhei e vi Jesus caminhando sem pressa, sem agendas, sem compromissos inadiáveis. Vi Jesus tendo tempo para amigos, para crianças, para festas, para o silêncio e para a conversa.
Desde então tenho me permitido descansar. Sei que descansar exige fé. Fé Naquele que tudo já fez. Fé Naquele que tudo sabe. Fé naquele que tudo pode.
Tenho me permitido o silêncio em frente ao mar, as brincadeiras com minhas filhas, as conversas com meus amigos, o namorar com minha amada.
E é descansado que percebi que o amor só se sente na calma. Na agitação o coração não percebe o que de fato faz bem. É no descanso que sentimos a presença do favor imerecido de Deus, pois na agitação tudo é pesado e cansativo.
Vemos tudo melhor quando estamos com o coração e corpo sossegados. Vejo melhor a mim mesmo, vejo melhor quem me cerca, vejo melhor a vida, vejo melhor o próprio Deus.
Descansando na Graça de Deus faço coro a Almir Sater em sua canção “Ando devagar”
Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei demais,
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou
Nada sei,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.
Penso que cumprir a vida, seja simplesmente
Compreender a marcha, ir tocando em frente,
Como um velho boiadeiro, levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou,
Estrada eu sou,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz
Ivo Fernandes
12 de novembro de 2009
E levo esse sorriso, porque já chorei demais,
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou
Nada sei,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir.
Penso que cumprir a vida, seja simplesmente
Compreender a marcha, ir tocando em frente,
Como um velho boiadeiro, levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou,
Estrada eu sou,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz,
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maças,
É preciso amor pra puder pulsar, é preciso paz
Pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso, porque já chorei de mais,
Cada um de nos compõe a sua história, cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz, e ser feliz
Ivo Fernandes
12 de novembro de 2009
Comentários
Clau
Quando eu paro para refletir nesse tipo de assunto, entendo que cada vez mais eu preciso compreender: o que é viver a vida em abundância e o que é servir por amor? Em que momentos, ou em que situações eu estou deixando de viver e/ou de servir? Eu sei de uma verdade: que Deus nos fez diferente de todas as outras criações, e o entender essa diferença é o que nos levará a viver a vida com uma nova visão.
Eu achei interessante quando você escreveu a respeito da vida, tratando-a como um dom para ser vivido e que os serviços não podem roubá-lo, e quando descreves a sua percepção em relação à vida de Cristo: "Olhei e vi Jesus caminhando sem pressa, sem agendas, sem compromissos inadiáveis. Vi Jesus tendo tempo para amigos, para crianças, para festas, para o silêncio e para a conversa". Destaco que, Verdadeiramente, só olhando para a vida de Cristo é que temos condições de entender o que é viver, servir e descansar.
Finalizo meu comentário trazendo à memória, alguns registros bíblicos que revelam a sabedoria de alguém que soube ler a história de sua vida diante de Deus:
"Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?" "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma." Eclesiastes 2:24-25;9:10
Seja qual for a direção, o único sentido da vida é Jesus!
por Cláudio P. Teles (aluno do Seminário Teológico Batista do Ceará).
Como a sua historia, eu me dediquei demais, boa parte da minha vida, principalmente minha adolescência e juventude a igreja – não necessariamente a Deus.
Pois bem, ativismo religioso não é sinal de estarmos fazendo a vontade de Deus.
O problema é essa dicotomia que a igreja faz, entre o profano e sagrado, mundano e santo.
Ir à igreja, dar dízimos e ofertas, cantar hinos – só musica cristã – orar, jejuar, ler a bíblia, são consideradas atitudes sagradas e espirituais.
Agora, ficar em casa com a família, visitar os amigos para conversar, ler poemas, ver filmes, ouvir músicas do “mundo”, jogar bola, comer, beber, brincar com as crianças, tudo isto é coisa do “mundo”, e, portanto, da carne, deixando de ser espiritual, não há serventia nenhuma.
Concordo com Rubem Alves quando disse que, já fazia um bom tempo que para pensar em Deus, ele não li teologia, mas os poemas.
O que gerou esse pensamento?
Neuroses, exclusivismos, ativismo religioso, paranóia, e baixa qualidade de vida.
Afinal o que importa mesmo é a vida espiritual, não é mesmo?
Nada mais patético – isto agora, porque há alguns anos atrás, esse era o filme da minha pobre vida.
Quer dizer, que Deus não é adorado quando ao invés de cantar no templo, ficamos em casa com nossa família?
Este conceito apequena Deus, pois limitamos-o, ao templo e a vida religiosa.
Não temos duas vidas, uma normal e outra espiritual.
A vida é uma só, apenas existe vida vivida com os valores do evangelho, e vida vivida sem esse valor.
Não existe musica do mundo e musica sagrada.
Existe musica boa e musica ruim.
Musica para cada ambiente.
Há musicas do “mundo” que são mais sagradas – me diga, uma musica de amor, que faz você lembrar-se da sua esposa(O), não é mais digna do que musicas gospel, que faz você se sentir tão egoísta e soberbo, ao ponto de cantar para Deus; “restitui, quero de volta o que é meu”? – do que determinadas canções gospel.
No demais, um versículo usado e abusado pelas igrejas e lideres, para estimular o serviço na “obra do Senhor” é:
“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Buscar o Reino, para a maioria evangélica é, viver para servir em pró da “obra da casa do Senhor”.
Ou seja, serviços vinculados ao templo.
Só que esta interpretação não faz mais sentido para mim, pois o Reino não é feito de programações da igreja, mas sim de pessoas!
Jesus vai nos dizer que é dos pobres, mansos, injustiçados, perseguidos e oprimidos o Reino de Deus.
Logo, segue-se que buscar o Reino e sua justiça, é buscar o oprimido promovendo justiça.
Ou seja, é a busca dos direitos para os sem-direitos, é a promoção de justiça para os injustiçados, é o resgate da dignidade dos excluídos, é a distribuição de alimentos para os famintos, é a distribuição de empregos para os desempregados.
Trabalhadores do Reino não são apenas e exclusivamente os obreiros das igrejas, mas o medico que cuida da saúde dos doentes, o advogado que defende a causa do inocente, o dentista que cuida da saúde e higiene bucal, a cozinheira que prepara a comida dos famintos, a mãe que educa os seus filhos, os ecologistas que lutam pela natureza, as pessoas que cuidam dos orfanatos, enfim, o Reino de Deus é muito mais abrangente e profundamente rico de significados, que limitá-lo a religião é um crime.
Fico por aqui, pois daqui a pouco, não vai dá para publica o meu comentário. Rsrsrrsrs
Abraços
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.