Deus transcendente e imanente e a nossa espiritualidade
“Há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos ( transcendente), por meio
de todos (transparente) e em todos (imanente)” (Ef 4,6).
Não existe espiritualidade que
não seja experiência. Deus não é somente para ser pensado, mas sentido. Esse sentir
não pode se confundir com as imagens que construímos sobre Ele. Quem
experimenta Deus é livre para assumir e reassumir os símbolos que falam dele,
pois não pretendem defini-lo. Experimentar Deus é mais que nele crer, é um
saber que se manifesta na vivência.
Não se trata de negar as imagens,
afinal Deus é identificado com os conceitos que dele fazemos. Trata-se antes de
reconhecer a insuficiência de todas as imagens, pois Deus é transcendente. Neste
estágio não nos preocupamos com os antropomorfismos, pois sabemos que tudo o
que dissemos de Deus é antropomorfo.
O mesmo Deus que é transcendente,
que não se confunde com as coisas, está presente nelas, fazendo de todas as
coisas veículos de revelação. Representado como totalmente fora do mundo, Deus
de fato não seria experimentável.
A religião se torna um problema
quando confunde Deus com as doutrinas sobre Ele. Assim, espiritualidade convive
em paz com a transcendência e imanência, é fruto da reconciliação entre Deus e
o mundo.
Ivo Fernandes
29 de agosto de 2011
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