O amor é um sofrer
O amor é um sofrer, e não me
refiro aos amores românticos que duram o tempo do seu próprio verão. Amores assim
são frutos de vaidades egoístas, justificados pelo tesão que acaba ou surge. Assim
os que amam desta forma podem dizer que não tem culpa mais de amar, pois não
mandam nos seus sentimentos. Porém quem ama apenas nos eventos de verão nunca
amou de fato.
É triste ver o caminho das relações
ditas modernas que alicerçadas na justificava do prazer desfazem laços que
deveriam permanecer por toda existência. Afinal o que levava mulheres a
permanecerem com seus maridos por resto da vida e o que leva ao descarte tão
rápido nos tempos atuais?
Ouvi algumas histórias esses dias
que ainda não saíram da minha mente. Uma conversa entre uma mãe e uma filha
sobre sua separação. A mãe dizia que no seu tempo quando o homem não ‘prestava’
elas o concertavam, e hoje na geração da sua filha elas descartam. Mas ao
descartar encontrarão o ideal? O perfeito? E como ele seria? Tratar-se-ia de um
que foi amigo de infância, tem coisas semelhantes, saem juntos para festas e
bebem entre colegas? O que se faz com as promessas de amor de outrora? São simplesmente
esquecidas?
Um amor de verdade não acaba. O que
acaba é a decisão de se viver com o sofrer que é lhe é próprio na busca ‘infeliz’
da felicidade. Trocamos a rotina das relações pelos encontros alegres com
aqueles que não choraram conosco. Trocamos as construções pelos prazeres de
algumas noites. Trocamos o carregar do fardo mútuo por uma caminhada
supostamente leve, mas sem a profundidade de um sentir. Abandonamos famílias
justificando-se pelo engano das sensações. Esperando o quê?
Contemplem a história ao redor e
vejam o fruto deste tempo. O amor está morrendo, porque não desejamos mais
sofrer. Queremos apenas a felicidade ilusória garantida pela bajulação, e não
pela verdade.
A outra história que ouvi
tratava-se um pai falando ao seu filho sobre amor. Dizia ele ao filho que
abandonava o lar, “o que você está procurando? Amor? Meu filho, o amor é a
decisão de viver com alguém com quem você estabeleceu elos eternos mesmo quando
os sentimentos estão frios ou mortos. É essa decisão que mais cedo ou mais
tarde fará tudo ressurgir.”
Amar é uma decisão de sofrer e
permitir que daí nasçam não felicidades fortuitas, mas alegrias permanentes.
Quem ainda deseja amar e ser
amado nos dias de hoje?
Ivo Fernandes
8 de outubro de 2013
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