Creio e penso - Deus
Em 2009 escrevi um texto
com o título “Creio – Deus” onde enfatizava a questão da fé como necessária
para saber de Deus, pois fora da fé não havia conhecimento de Deus.
Pois bem, a velha questão
fé e razão voltou a ocupar minha vida novamente, pois tem sido objeto de meus
estudos atuais. E relendo o texto, vi que mudaria alguma coisa no que havia
escrito, dando lugar legítimo a razão também.
Segue agora uma síntese
daquele texto com os pensamentos de agora:
Deus. Quem é Deus? O que é Deus? Quem
já o viu? Onde ele está? O que está fazendo?
Eu creio em Deus. Mas o que isso
significa? Significa que minha relação com Ele vai além do que minha reflexão
racional conclui sobre ele. Significa dizer que minha crença mescla elementos
da minha imaginação, racionalidade e fé, e é esta última que dá condições de
estar em paz com Deus.
Pela fé sei que Deus é mais do que
qualquer especulação, doutrina ou conceito sobre Ele mesmo. Deus é o que É. E
por ser o único que de fato É, só o Espírito conhece as profundezas de Deus,
visto que tudo mais só o é em razão Daquele que É.
Pesquiso a única coisa que de fato é
possível pesquisar e ainda com temor e tremor – o pensamento humano a respeito
de Deus, o sentimento do homem em relação ao que lhe transcende, as
experiências históricas da fé. Sei que Deus não pode ser mapeado, não pode ser
perscrutado, Ele habita em luz inacessível, só Ele tem a imortalidade, e nenhum
homem nunca o viu e nem pode ver. Porém também sei que uma vez a criação é dele
e vem dele e fora dele nada é, nossa limitada compreensão das coisas apontam
para Ele, e podemos andar com segurança dentro desses limites.
Sei que quando imaginamos deus, tal
imaginação revela muito mais de nós do que de Deus. Quando buscamos a Deus pela
razão podemos concluir sobre sua glória, mas sua graça e seu amor são
discerníveis pela fé.
Faz parte da imaginação a concepção
que deus que criou todas as coisas por uma espécie de necessidade de companhia;
que deus não conseguindo a plena simpatia de suas criaturas as castiga com tormentos
infinitos; que deus trava uma batalha de amor e ódio com suas próprias
criaturas; que deus no critério de sua escolha é caprichoso; que depende de uma
confissão religiosa; ou que tenha estrema dificuldade em lidar com as pulsões
sexuais humanas que ele mesmo criou;
Faz parte da vaidade da razão tentar
encaixar Deus apenas dentro de certas reflexões. A razão nos leva a percepção
da glória, ou seja, a saber que Deus É. E isso é a coisa mais certa que a razão
pode concluir.
Porém a Fé usa da poesia para referir
ao que sabe que escapa a toda linguagem. Logo só a fé gera conhecimento
pacificado de Deus.
Podemos negar o deus da imaginação
alheia, podemos questionar as conclusões racionais, mas sob o mesmo solo da fé
não temos outro caminho senão a confissão. Pois o Deus que É não precisa de
defensores, de advogados e nem de representantes.
O que então posso saber de Deus?
Aquilo que Ele de Si revelou na História, na Humanidade, na Criação e de
maneira singular na Palavra Encarnada. Sim! Em Jesus, que condensa a Criação, a
Humanidade e a Palavra, porque Nele está a Reconciliação Universal, vemos o que
Deus decidiu manifestar. E Nele vejo um Deus que pode ser referido por meio de
uma só palavra – Amor.
Eu creio que Deus é Amor e Nele não há
treva alguma. É por causa do Amor que creio que o Deus que É se “fez” para o
homem e o homem para Si, e conduzirá todas as coisas para Si mesmo, quando Ele
será tudo em todos de maneira manifesta.
“Deus é amor; e quem está em amor
está em Deus, e Deus nele.” 1 Jo 4.16
Ivo Fernandes
7 de dezembro de 2014
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