Cristo nossa páscoa e esperança
A palavra esperança está geralmente associada a crença na possibilidade
de resultados positivos quanto a projetos pessoais ou sociais. Porém, alguns estudiosos
do comportamento político e humano, também veem nela também algo perigoso, ou
simplesmente arma de controle social.
Nietzsche considerou a esperança o derradeiro mal; o pior dos males,
porquanto prolongava o tormento. Espinosa considera uma paixão triste típica
dos escravos que esperam recompensas pela sua boa conduta.
No filme Jogo Vorazes o Presidente Snow, líder tirano disse: “Esperança
é a única coisa mais forte que o medo. Um pouco de esperança é eficaz, muita
esperança é perigoso. Faíscas são boas enquanto são contidas. ” Assim a
esperança era vista como arma política.
Porém, apesar destas análises, a esperança permanece o alento de
milhares de homens. Na história ela moveu os homens. Por sua causa, na Páscoa
Judaica, os judeus se cumprimentaram em guetos imundos: “No próximo ano, em
Jerusalém”. Inspirados na esperança, escravos negros cantaram nos
velórios: “Finalmente Livre!”. Mesmo tendo um caráter de incertezas é
por meio dela que atos heroicos são realizados. Animado
pelo impossível, os homens cheios de esperanças fazem mudanças concretas.
Nas Escrituras Judaico-cristã a Esperança ora se associa a fé ora se faz
como antecessora a esta. Esperança não nasce de certezas. Nelas
lê-se que a esperança que se vê não é esperança. Quem espera por
aquilo que está vendo?(Romanos 8.24).
Enquanto arma de controle ela vive de superstições, mas como potência
ela não procura construir castelos nas nuvens, mas produz valentia e
poesia. Logo quando falamos de esperança não estamos falando de qualquer
esperança. A verdadeira esperança sempre abre espaço para a fé que é capaz de
contrariar toda lógica. Kierkegaard disse “Você não deveria falar de fé,
diria ele, a menos que estivesse preparado para erguer, como Abraão, a faca
sobre o corpo do seu filho.” O paradoxo, aqui, é que em meio a toda falta de
esperança, a fé pode nascer no indivíduo e fazer com que ele se jogue nos
braços Daquele que pode ser o sentido de tudo. Kierkegaard denomina isso
de salto de fé.
É impossível achegar-nos a esperança com as categorias do pensamento
objetivo, empírico e problemático. Pois a esperança possuí raízes em alguma
parte de nosso ser que ainda não foi tocado pela experiência. A esperança
funda-se no invisível. Assim não “esperamos que” nem mesmo em “espero um” mas a
verdadeira esperança é a “esperança em”.
Esperar é permanecer fiel, no meio das trevas, pois a esperança
pressupõe dar crédito a Possibilidade. E aqui entra o sentido da Páscoa Cristã,
o sentido de dizermos que Cristo é a nossa Páscoa, pois Nele, ou Nele
inspirados, estamos e nele esperamos, não como amuletos de sorte que nos trarão
alívio de dores específicas, mas firmados Nele, nessa esperança, a sua morte e
ressurreição tornam-se elementos de nossa própria superação.
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