Meu manifesto solitário
Como homem, pecador,
porém seguidor desejante do Caminho de Cristo não posso legitimar a corrupção
mesmo que a encontre também em meus atos. Porém, o fim da corrupção não está na
defesa do estado, nem mesmo aquele que chamamos de democrático de direito, pois
o estado tem por natureza o “mundo” e assim é consequentemente corrupto. É claro
que reconheço entre os modelos de estados, uns melhores que outros, mas nenhum
deles carrega o espírito do Reino de Deus.
Não está no estado
o poder de acabar com a injustiça ou desigualdade social, pois o mesmo se
sustenta na divisão dos homens. Porém, reconheço estados melhores que outros na
luta por melhoramentos sociais.
O problema da
corrupção e da impunidade não é um problema apenas da sociedade brasileira, mas
de todas as sociedades humanas. A atitude profética, então, não é da defesa do
estado, mas do fim de todo processo de corrupção. Minha confiança não está em
nenhum ordenamento jurídico, mas no Evangelho que é o poder de Deus para vencer
o ódio entre os homens.
Reconheço que a voz
das ruas não corresponde à verdade, nem a voz das mídias, nem a voz dos
políticos, nem a voz dos religiosos. Todas elas podem e são influenciadas pelos
mais diversos interesses egoístas. Por causa disso a melhor postura social é
capacidade de ouvir atentamente todos os lados, evitando as generalizações,
polarizações e personificações típicos das ideologias. Somente com a
consciência do próprio pecado é que podemos evitar a intolerância para com quem
pensa diferente de nós.
Sem dúvida o
julgamento precipitado é típico das mentes cheias de orgulhos e engano. Por isso
todos devem ter direito a defesa ampla, porém o direito não pode ser usado
associado a princípios ideológicos a fim de ocultar por trás do direito de
defesa apenas mecanismos de engano das mentes fracas.
Não acredito que a
força de um povo está exclusivamente no voto enquanto o sistema do mundo tem
suas condições de conduzir tal capacidade como querem. A força do povo está na
própria vida assumida para além do Estado.
Não posso me
posicionar entre uma outra parte de uma disputa que nada tem de Evangelho. Essa
polarização não corresponde ao espirito de Cristo. Meu caminho é da paz, da
verdade e da justiça e não de disputas partidárias. O serviço pelo Brasil não
se dá por nenhuma espécie de nacionalismo ou patriotismo, visto que considero
que tais sentimentos não correspondem ao sentimento universal dos irmãos
pregado pelo Nazareno.
Não confio na
justiça dos homens, por mais que torça que ela se aproxime o máximo da Justiça
que somente pode carregar esse nome se de fato for divina. Não confio na
democracia humana, por mais que torça que ela se aproxime do Reino de Deus.
Por fim, não confio
no meu próprio juízo, apesar de ter apenas minha própria consciência a quem
devo prestar minhas primeiras contas e a minha fé com a qual espero encontrar o
caminho da verdade.
Ivo Fernandes
22 de março de 2016
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