A mensagem de Jesus sobre o juízo contra o próximo – sobre acusados e acusadores
Leitura: João 8:2-12
Dias anteriores
vimos pelas diversas mídias o drama que envolveu o goleiro Aranha do Santos,
tentando denunciar, no meio de uma partida de futebol em andamento,
os insultos racistas gritados logo atrás de si, e depois o de uma das
ofensoras, torcedora do grêmio, que foi flagrada pelas câmeras chamado o
goleiro de macaco. Daí seguiu-se diversas manifestações contra o racismo.
Grupos saíram no ataque da torcedora muito mais que na defesa do goleiro.
Estariam eles compreendendo que se tratava da mesma coisa?
Todos
sabem da minha luta contra o juízo contra o próximo, o quanto esse tema é
central em minhas mensagens e como vivo a tentativa constante do amor ao
diferente. Sabem da minha defesa em favor de grupos minoritários como os gays
por exemplo. E não só de grupos minoritários mas daqueles que estão sendo
ofendidos em sua condição, como os pobres por exemplo.
A
pergunta que poderia fazer é de onde nasce esse racismo, e esse juízo contra o
próximo, mãe de toda forma de preconceito? E o que é preciso
para que esse mal acabe em nós?
Na história acima
quem são os acusados e os acusadores? Onde há verdadeira justiça? Nos berros da
moça ao jovem negro, ou dos grupos berrando palavras de ordem na delegacia para
a moça? E os expectadores que veem em suas casas e publicam frases em redes
sociais, quem eles são? Quem representam? Sob questionamentos todos tem uma
justificativa.
Essa história me
lembrou de outra, a da mulher adúltera levada a presença de Jesus para ser por
ele julgada. De maneira semelhante a história acima, temos os elementos do flagrante,
do levar a juízo, da acusação e da presença popular. E qual é a postura de
Jesus frente a esse caso? Ele trata da questão que falei acima – fala sobre
acusados e acusadores. E quem são? Fica claro no trato de Jesus que esses dois
papeis estão sendo interpretado simultaneamente por todos. E é essa consciência
que ele deseja despertar nos envolvidos. Naquela história não haviam inocentes,
pois todos estavam implicados no pecado.
Aqui está a
mensagem – todas as vezes que nosso olhar é particularizado, o resultado é
juízo contra o próximo, ódio, vingança e coisas semelhantes a essas. O chamado
é para que o olhar se amplie, saia do ambiente particular para contemplar a
totalidade. Isso é ser filho de Deus, ou seja possuir sua natureza, e o que é
Deus senão a Totalidade? Quanto mais particularizado mais diabólico sou.
Lembre-se, estou falando particularizado, pois o particular é aquele que
negando a própria singularidade e a dos demais tenta sufocar a diferença a
partir de seu mundo. O singular que vê a totalidade, esse ama o diferente, pois
na diferença aprende-se e evolui.
O perdão, a
misericórdia e o amor são frutos desse espírito. Em outras palavras a presença
de acusados e acusadores só se dão na ausência do divino, quando todos vivem no
reino do particular. Porém quando acusados e acusadores são trazidos a presença
do divino, aqui visto na pessoa de Jesus, não há como identificar os mesmos,
pois no reino de Deus os particulares desaparecem e surgem os singulares que são
partes da totalidade, e na totalidade todos são divinos. Não há na presença de
Deus acusados e acusadores.
Nas duas histórias
todos os envolvidos só enxergam as coisas pelo seu mundo particular, pouco
importava a vida do outro, as razões do outro, a história e os condicionamentos
anteriores que promoveram aquele momento. E mais, nessa particularidade
conseguiram se esquivar dos acontecimentos como se não fossem coparticipantes
de tudo que ocorria. Aqui está a raiz de todos os males. Esse é o mundo sem
Deus.
Porém Jesus nos
desafia a largar as pedras que temos nas mãos, que não se traduzem em justiça e
sim em mentira, engano e confusão do reino dos particulares, e abraçar o
caminho do perdão, próprio do reino de Deus.
E você o que tens
nas mãos?
Ivo Fernandes
10 de setembro de 14
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