A Graça e a questão da caridade
Em um dos momentos da reunião do caminho da graça
em Fortaleza, em que se abre espaço para que as pessoas manifestem como
entendem certos textos, uma velha discussão surgiu diante do texto de Mateus
25.31-46, a discussão em torno da salvação e da condenação. Quanto a esses
temas muitos textos podem ser encontrados no meu blog através de uma simples
pesquisa. Porém decidiu falar um pouco mais sobre um dos desdobramentos do
tema, a questão da caridade e da graça.
Eu creio num significado eterno da existência,
que me faz crer que todo homem está e será julgado por tudo o que faz. Aliás as
Escrituras dizem que o homem será julgado conforme as suas obras. Porém,
entendo que tal juízo não é para a salvação, pois seguramente não somos salvos
por obras, para que ninguém se glorie. A salvação é uma dádiva divina e só o
pode ser assim, pois tal bem é impossível ser alcançado pelo homem. Porém nos
foi dado uma vida e conforme o texto bíblico fomos criados em Cristo Jesus para
boas obras de antemão preparadas para que andássemos nelas. Ou seja, foi para
as boas obras que fomos criados, logo o caminho contrário a essas obras nega o
propósito da própria vida, e evidentemente que negar a vida é assumir a morte.
Ora quem segue o caminho da morte, nega o caminho
da bondade, justiça, verdade, misericórdia, humildade e graça solidária, e,
portanto, atraem para si a condenação. Mas que condenação é essa senão a perda
da salvação? Não!
A salvação não se ganha nem se perde por ações
nossas, ela é uma garantia divina aos seus filhos. Porém, fomos criados livres e
a dádiva da salvação pode ser experimentada ou negada, e ora a salvação
manifesta-se na vida, logo aquele que nega a vida, escolhendo o caminho da
morte, nega a própria salvação que possui. E o que ocorre quando nego algo que
possuo, vivo como não possuindo. O que ocorre com os que negam as boas obras?
Seguem o caminho da morte. O que ocorre para quem nega a salvação? A
condenação.
Agora! O que são as boas-obras? Simples toda obra
que for fruto da bondade. Quando Jesus critica um fariseu o faz porque suas
obras não possuíam bondade, apesar das orações, esmolas, rigores
comportamentais conforme as prescrições da Lei. Não era a bondade que movia
suas obras. Ora se não é a bondade, a obra não gera salvação.
“Só há boas obras se as obras forem boas, e as obras só são completamente boas também para o praticante, se forem feitas com bondade.
Ainda que eu dê os meus bens aos pobres e entregue em martírio o meu próprio corpo para ser queimado, sem amor...nada disso me aproveitará.”
Se não tiver amor! Amor e bondade nesse sentido
são sinônimos.
E aqui retornamos ao texto de Mateus. Quando se
tem bondade, as obras são realizadas de forma natural, podendo se dizer que não
são mais nem obras, é apenas o fruto natural.
Assim não somos salvos pelas obras, mas pela
bondade que gera as obras. E de onde vem a bondade senão do coração grato que
sabe da dádiva da salvação?!
Logo, Graça, Salvação, Bondade, Boas-obras, Vida
não se separam e nem podem ser pensadas separadamente, pois trata-se da mesma
manifestação do Amor Divino.
Ivo
Fernandes
01 de julho
de 16
Obs. O texto em itálico é de Caio Fábio
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