Amizades reais em tempos virtuais
Quantos amigos temos? Os seguidores de
nossas redes sociais são nossos amigos? O que define hoje uma real amizade?
Diante de meu conceito de amizade, cada
dia mais vejo que amigo é uma coisa rara, visto que nos tempos de virtualidade
dominante o que buscamos são pessoas que nos seguiam a partir de curtidas do
que dizemos e fazemos, ou seja, de gente que jamais me incomode, que jamais me
diga o contrário, ou que ouse discordar do que penso ou não gostar do que
gosto.
Ora outro tipo de ‘amizade’ que surge é
aquela que corresponde a nossas necessidades de atenção, se alguém não teclar
comigo, não tiver interesse pelas minhas publicações, facilmente delatamos de
nossa lista de amigos, afinal para que serve um amigo que não compartilha o que
publico?!
Porem verdadeiras amizades não nasce de
um contato virtual, mas de convivência real, onde os amigos possam trilhar
vales, montanhas, experimentar alegrias e tristezas juntos.
O texto bíblico fala de uma amizade
entre Davi e Jonatas. A amizade deles
somente se mostrou amizade quando Jonatas, impedido pelo pai, Saul, que
desejava matar Davi — contra tudo e todos, mesmo quieto e pacifico, permaneceu
leal a Davi, sem que com isso traísse ou abandonasse seu pai; e demonstrou isso
até o fim da vida; o mesmo acontecendo com Davi, que não apenas amou a Jonatas,
mas expressou isso de modo imorredouro em sua poesia bíblia, como também, mediante
o amor e a consideração que teve para com a descendência de Jonatas após a sua
morte.
Amizade é, portanto, uma relação de
confiança, lealdade e honra. Logo não existe verdadeira amizade onde não
existem honradez. Ambientes de moralismo hipócrita não produzem verdadeiras
amizades. Basta ver como os religiosos moralistas tratam os que fracassam, ou
melhor são pegos em flagrante delito.
São amigos de conveniência, são na
verdade cumplices no engano e na perversão. Ao contrário desse modelo farisaico
de amizade temos o modelo de Jesus, o amigo que dá sua vida pelos outros e não
espera que os amigos deem a vida por ele, mas que tão somente continuem vivendo
em coerência com os valores da amizade.
Jesus era leal aos seus amigos, todos
eles, e buscava ajudar cada um em suas reais necessidades. Foi amigo do tolo
que em sua tolice queria se colocar como o mais importante entre os amigos,
ensinado o caminho do servo. Foi amigo dos insensatos que prometiam o que não
podiam cumprir, lhe perdoando as faltas e lhes dando novas chances. Foi amigo
dos fracos que não conseguiram lhe acompanhar no momento de dor, não excluindo
estes dos momentos de glória. Jesus é modelo do amigo que corrige, mas não
humilha.
Verdadeiro amigo não tem sua amizade
diminuída por causa da distância física. E a cada reencontro não há cobranças
nem melindres. Verdadeiros amigos se amam. Logo tudo crê, tudo espera, tudo
suporta e jamais acaba; enquanto não age nunca de modo inconveniente, não se
exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, antes,
regozija-se com a verdade.
Dessa forma meu
critério pessoal, hoje, de atribuir amizade a alguém, é muito simples: vejo
quem se alegra com minhas alegrias, e chora com minhas dores. Se alguém não é
capaz de celebrar minhas vitórias, esse não tem reais condições de uma amizade
verdadeira. Os que se alegraram muito com minhas alegrias, são os mesmos que
efetivamente estarão presentes em minhas tristezas; e sempre solidariamente me
falaram a verdade. E recuso toda amizade moralista. O tipo de amigo que só o é
se me comportar como ele deseja. Jesus disse que amar os que nos amam e tratar bem os que nos
tratam bem é apenas um comportamento pagão, posto que é assim que qualquer
pagão, minimamente, trata um ao outro. Jesus disse que deveríamos buscar amar e
ser amigos do jeito do Pai Celeste, que é bom para com maus e bons, e derrama
Graça sobre todos.
Eu tenho amigos, não é um
milhão, mas são suficientes! Porém sempre é possível novas e verdadeiras
amizades.
Ivo
Fernandes
09
de julho de 16
(A parte em itálico é do
site do Caio Fabio)
Comentários
Jesus escolheu os seus amigos, 12 malas que o traíram e jamais o compreenderam, no entanto, Jesus, mesmo conhecendo-os profundamente, amou-os até o fim.