Dias de um futuro próximo
Sábado, 25 de julho de 2015,
6h00min da manhã, o sol tem uma luminosidade agradável, tornando a cor do mar
que vai do azul ao verde. Estou a 10 passos de onde as ondas arrebentam, na
casa do mestre Antônio, na praia de Morro Branco, no município de Beberibe –
Ce.
Esse é o quarto dia de uma
estadia maravilhosa junto as minhas razões, e é a terceira vez que fico nesse
mesmo lugar. A casa é simples, mas como disse ontem milha filha Cecília, 7
anos, ela é ótima. Uma casa de pescador, pé na areia, do lado das embarcações
que saem todos os dias daqui para pescar, ao pé das falésias de areias
coloridas e vizinho ao já meu amigo pescador, que sempre prepara uns peixes
fritos do jeito que gosto.
Durante esses dias orei e
entre minhas orações ao Mar, me invadiu um propósito. Não sou um homem de
muitas metas, na verdade, comparando com a forma de viver da maioria dos homens
do meu tempo, sou um ponto fora da curva. Nunca quis muita coisa. Meus desejos
são poucos. Minhas orações de petição sempre foram as mesmas, antes das meninas
nascerem pedia apenas para servir ao Grande Senhor das Águas, depois que elas
nasceram acrescentou-se a esse pedido, a proteção delas para que elas
experimentassem a existência. Além dessas pedi uma vez um coração sem
expectativas, e depois da doença, alguns anos a mais para ver minhas filhas
crescerem um pouco mais. Até aqui o Senhor me respondeu em tudo.
Mas aqui diante do Mar e ao
som das ondas e do vento nasceu um desejo que pretendo realizá-lo. Sei que
muitas pessoas tiveram desejos para mim, alguns deles até hoje tento realiza-los,
mas esse é meu, nascido em mim, talvez o único.
Ano passado escrevi o texto Praia do Futuro, onde expliquei minha relação com o Mar e já revelava meu
desejo, e durante aquele ano, consegui o que disse, fiz uma casinha naquele
lugar. Uma casa aconchegante que tem agradado a todos os que passam. Tudo foi simbólico,
uma mistura de tempos, uma casa tipo loft, construída no quintal da minha mãe,
na Praia inicial da minha vida. Foi a melhor coisa dos últimos anos. Tenho enfim
um lugar para chamar de meu.
Mas aqui nasceu um outro
desejo, ou quem sabe apenas uma expansão daquele. Quero mais do Mar, das
Pedras, dos Ventos, das Areias, das Águas. Quero as ilhas de Antônio, quero ir para
dentro dos meus contos. E viver a vida simples dos pescadores. Se fui chamado
para ser pescador de homens, quero viver como pescador de peixes.
Como conseguirei isso? Não sei
exatamente, mas já rabisquei possibilidades. Não farei nada de maneira
irresponsável, mas farei de maneira objetiva. Tenho um tempo, tenho uma meta. Já
até falei com todas minhas filhas e mostrei como será, e sei que será bom para
todos. Existem outras coisas que todos saberão no seu devido tempo, mas por ora
basta que saibam que assim é porque no fundo assim sempre foi, desde o meu
nascimento até esse momento.
Sou filho do Mar, fruto da
relação de um pescador, nascido num porto, criado na Praia do Futuro, dedicado ás
aguas. Toda minha espiritualidade se desenvolveu diante das ondas, e o som de
Deus é a Voz das muitas Águas. Os seres que me habitam são todos do oceano. Metade
da minha alma é feita de Maresia.
Assim começou há quatro dias
os dias de um futuro próximo!
Ivo
Fernandes
25
de julho de 2015
(Escrito
de uma rede na varanda diante das ondas do mar, e durante a assinatura, minha
filha mais nova, Clarice, 4 anos me pede para deitar na rede)
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